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A cidade de Deus e a cidade dos homens: génese de um paradigma

The city of God and the city of men: genesis of a paradigm

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Marleine Paula M e F de Toledo

Este ensaio faz um estudo comparativo entre duas obras que tratam de poleis e cosmópoles: A cidade de Deus, de Santo Agostinho, e Pauliceia dilacerada , de Mário Chamie. Polis é a cidade. Kosmos é o mundo. Cosmópolis pode ser entendida como uma grande cidade, cidade mundial, que abriga gente numerosa e diferenciada. Em sua obra De civitate Dei, Santo Agostinho propõe a gênese de um paradigma para todas as cidades do mundo, poleis e cosmópoles: à cidade concreta –polis ou urbs - sobrepõem-se duas civitates, isto é, sociedades humanas. A primeira é a civitas hominum, cidade dos homens. É constituída pelos homens que vivem segundo sua própria vontade e, por isso, comporta divisões, uma vez que cada indivíduo ou facção coloca o bem supremo em “lugar” diferente. Seu fim é a morte. A segunda, civitas Dei, cidade de Deus, é constituída pelos homens que vivem segundo a vontade de Deus. Por essa razão, é unívoca a respeito do bem supremo, não abriga divisões internas, uma vez que a vontade de Deus é uma só e é boa. Seu fim é o céu. No livro Pauliceia dilacerada, o poeta brasileiro e paulista Mário Chamie “finge” um monólogo póstumo “dialogado” do também poeta e também paulista (aliás, paulistano) Mário de Andrade, em que o referente é a cidade de São Paulo. Nesse monólogo poético a quatro mãos, podem ser identificadas as duas cidades do paradigma agostiniano: a cidade dos homens, na Pauliceia real, dilacerada; a cidade de Deus, na Pauliceia possível, anseio dos dois Mários.


ISBN:
978-989-26-1279-9
eISBN: 978-989-26-1280-5
DOI: 10.14195/978-989-26-1280-5_7
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 101-117
Data: 2016

Palavras-Chaves

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