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Antígona: norma e transgressão, em Sófocles e em Hélia Correia

Antigone: norm and transgression in Sophocles and Hélia Correia

≈ 2 mins de leitura

Susana Hora Marques

É paradigmática a determinação de Antígona, a jovem princesa que ousou desafiar o poder instituído em nome de valores como a eusebeia ou a philia, numa atitude heróica que lhe custou a própria vida. A literatura e os palcos portugueses recuperaram de modo reiterado esta personagem modelar, de forma especial no século XX, e em particular durante a vigência do regime salazarista, como símbolo de uma liberdade desejada, mas veladamente reclamada. Hélia Correia, fascinada pelos textos e pelas figuras da Grécia antiga, redesenhou também a filha de Édipo, no final do século passado (cf. Perdição: exercício sobre Antígona): “tendo‑ -a tomado ao colo desde tenra idade”, como afirma, conferiu-lhe uma tonalidade mais pessoal, mais intimista, mas não menos contestatária - a sua rebeldia, a sua transgressão à norma acentua-se ao nível do privado e do familiar, ao nível do universo feminino, essencial na escrita heliana. A desconstrução do modelo sofocliano, cujo núcleo é, todavia, claramente reconhecível, evidencia a plasticidade dos mitos clássicos, sempre abertos a renovadas interpretações que os tornam perenes e significativos nas mais diversas épocas e locais.


ISBN:
978-989-26-1110-5
eISBN: 978-989-26-1111-2
DOI: 10.14195/978-989-26-1111-2_13
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 255-266
Data: 2015

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