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Momvs Sev de Homine: artifícios e desvios da exegese, ou das errâncias da história

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Francesco Furlan

Ainda que de forma intermitente, e por vezes distraída e de modo geral sempre parcial, dois dos seis testemunhos conservados do Momus, os mss. Marcianus Lat. VI 107 (= 2851) e Parisinus Lat. 6702 (olim 6307) foram longamente e minuciosamente corrigidos por Alberti. Todavia, alguns erros, unanimemente atestados pela tradição e que só podem ser atribuídos ao próprio autor, assim como a ausência de qualquer indicação de título nos manuscritos conhecidos capaz de fazer referência à autoria de Alberti, demonstram claramente que este grande romance sui generis, considerado geralmente como a grande obra prima de seus lusi, nunca foi publicado em vida e permitem até mesmo afirmar que o título De principe da primeira edição da obra (Roma, É. Guillery, 1520), justaposto em seguida por C. Bartoli ao seu único título plausível na versão italiana que este último publicou em 1568 (Momo, overo Del principe), e retomado inclusive em suas edições e traduções em italiano, alemão, francês, espanhol…do fim do século XX, não é mais do que um título apócrifo ou, em alguns casos, um subtítulo muito inverossímil assim como uma sugestão ao mesmo tempo errônea e desconcertante do ponto de vista exegético. O Momus, com efeito, não trata de outro assunto a não ser do de Homine, isto é, dos “ineptiae”, destes “homunculi” e “mulierculae” aos quais homens e mulheres se reduzem frequentemente e espontaneamente, dos distúrbios que assim provocam e que os deuses que criaram para si têm tendência a reiterar pela insignificância de suas ações ou opiniões; ele só evoca o príncipe como uma das numerosas máscaras às quais os humanos desde sempre se comprazem em recorrer.


ISBN:
978-989-26-1014-6
eISBN: 978-989-26-1015-3
DOI: 10.14195/978-989-26-1015-3_2
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 41-59
Data: 2015

Palavras-Chaves

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