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Farmácia, medicamentos e microbiologia em Miguel Bombarda

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João Rui Pita

Miguel Bombarda é uma figura multifacetada da história da medicina portuguesa. Mesmo dentro da sua actividade docente e científica, Miguel Bombarda, conhecido como psiquiatra, teve preocupações diversas. Basta estarmos atentos às polémicas que manteve na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e às suas publicações para verificarmos que estava consciente do que de mais actual se ia fazendo fora de Portugal nos diversos domínios da medicina e das ciências da saúde. Miguel Bombarda fez eco dentro do país do que de mais avançado se ia fazendo no estrangeiro. Tentou dinamizar a histologia e a fisiologia enquanto ciências laboratoriais dando a conhecer a mentalidade fisiopatológica. Tentou, igualmente, dar projecção em Portugal à mentalidade etiopatológica tendo escrito bastante sobre as inovações pasteurianas e a figura de Pasteur. Manteve polémica na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa com Eduardo Abreu, a propósito da validade da vacinação contra a raiva, da qual era um forte defensor. Em diversos textos publicados, Miguel Bombarda esforça-se por dinamizar a experimentação microbiológica e por dar a entender os benefícios das descobertas microbiológicas não só na prevenção da doença mas também na afirmação da robustez física da população. Miguel Bombarda estava atento, também, ao que de mais actual se fazia na terapêutica das doenças mentais, muito particularmente na produção medicamentosa. Se observarmos alguns dos seus escritos, bem como os relatórios que elaborou sobre o Hospital de Rilhafoles apercebemo-nos que Miguel Bombarda tinha preocupações farmacoterapêuticas. Bombarda tem a consciência de que se operava na farmacologia uma autêntica revolução e essa consciência traduzia-a numa enorme prudência para com a medicação a utilizar no Hospital de Rilhafoles. É interessante avaliarmos o apêndice e seus anexos ao Formulário de medicamentos do Hospital de S. José feito a pensar no Hospital de Rilhafoles e os comentários que Miguel Bombarda teceu. Miguel Bombarda tentou aliar os medicamentos às terapêuticas físicas até então utilizadas nos doentes mentais, como era prática habitual. Pós, cápsulas, grânulos, pílulas, poções, alguns solutos injectáveis, xaropes, são algumas das formas farmacêuticas escolhidas por Bombarda para veicular substâncias activas que conciliam os produtos de origem vegetal e os de origem química como, por exemplo, diversos brometos, a cânfora, derivados do ópio, pental, sulfonal, etc. uma terapêutica que incluía essencialmente medicamentos no arsenal terapêutico. Na presente conferência veremos então como Miguel Bombarda se encontrava bem desperto para as questões microbiológicas e farmacoterapêuticas e para a sua importância para a medicina da época


ISBN:

eISBN: 978-989-26-0362-9
DOI: 10.14195/978-989-26-0362-9_5
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 49-60
Data: 2006

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