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Nomos e physis em Antígonas portuguesas do período da ditadura

Nomos and physis in Portuguese Antigones during dictatorship

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Carlos Morais
Carlos L. Morais

Na origem do conflito protagonizado por Antígona e Creonte na Antígona de Sófocles (maxime 450-470), estão diferentes critérios de justiça, como refere Aristóteles, no livro I da Retórica (1372b 1 sqq.). À lei escrita, particular e mutável, instituída por Creonte, contrapõe Antígona a lei não escrita, universal e eterna, que está de acordo com a natureza (kata physin) e que ninguém sabe quando apareceu. Ainda que por decreto fosse proibido enterrar Polinices, era justo fazê-lo, porque, na opinião da filha de Édipo, esse era um direito natural que lhe assistia. Com esta sua ação desafiadora, que incessantemente questiona os poderes coercivos de Creonte, assente em leis particulares que põem em causa valores universais e naturais, a jovem heroína tornou-se num modelo de contestação a todo e qualquer exercício de poder absoluto. Com base neste exemplum, propomo-nos estudar as diferentes formas como três autores portugueses (António Sérgio, Júlio Dantas e António Pedro) atualizaram este debate (nomos-physis) e este conflito (Creonte-Antígona), adaptando-os ao contexto sociopolítico do segundo e terceiro quartéis do século XX português, atravessados por uma longa ditadura.


ISBN:
978‑989‑26‑1838‑8
eISBN: 978‑989‑26‑1839‑5
DOI: 10.14195/978‑989‑26‑1839‑5_18
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 301-314
Data: 2019

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