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O ser κατ’ ἐξοχήν e o lugar da religião na filosofia transcendental

Being κατ’ ἐξοχήν and the place of religion in transcendental philosophy

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Luciano Carlos Utteich

No final do trabalho conjunto entre Fichte e Schelling, cuja troca de correspondências é o melhor registro, constata-se em gérmen a transformação no pensamento filosófico de Fichte em sua abordagem do conceito do Absoluto. Essa modificação apontava para algo mais profundo, a saber, a reformulação da exposição cumulada na Doutrina da Ciência de 1804 (Segunda Exposição), na qual o conceito de Deus, como único ser κατ’ ἐξοχήν, para além de favorecer suprimir a etiqueta de idealismo da Doutrina da Ciência, passará a se mostrar ainda fundamento da Doutrina da Religião (1806), enquanto exposição popular da Doutrina da Ciência. Se Schelling percebeu nos anos 1802-3 os indícios desta mudança na concepção fichtiana, pelo fato de cada um se referir nas correspondências de modo distinto ao Absoluto (ou Deus), parece que ele não se ateve às consequências desta nova abordagem da Doutrina da Ciência, pois, graças ao conceito do Absoluto ou Deus como o único ser κατ’ ἐξοχήν, Fichte mostrou como a Doutrina da Ciência alcançou pairar sobre a oposição entre idealismo e realismo na filosofia, enquanto oposição que opunha a Filosofia transcendental e a Naturphilosophie. Nosso intuito é expor as circunstâncias dessa divergência a fim de explicitar em que sentido o conceito do Absoluto ou Deus como o único ser par excellence legitima o novo tipo de operação da razão transcendental proposta pelo segundo Fichte.


ISBN:
978-989-26-1753-4
eISBN: 978-989-26-1754-1
DOI: 10.14195/978-989-26-1754-1_3
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 59-85
Data: 2019

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