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Ir para a guerra/emigrar para o Brasil: dois cenários, duas realidades em Vila Nova de Famalicão

Go to war/emigrate to Brazil: two scenarios, two realities in Vila Nova de Famalicão

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Odete Paiva

O Minho foi uma das regiões onde a emigração para o Brasil, sobretudo entre a segunda metade de Oitocentos e a eclosão da I Guerra Mundial, fez parte integrante do padrão de vida da população. Anos houve em que a hemorragia de homens em idade anterior à do cumprimento do serviço militar foi de tal monta que deu origem a grandes debates na imprensa e no Parlamento, conduzindo à produção de legislação reguladora, muita dela dissuasora da partida de Portugal. A existência de um corpus legislativo, tanto no período do liberalismo como da vigência de um estado de matriz republicana, em fases marcadas axialmente a favor da migração para as colónias africanas portuguesas, embora enformasse as práticas da população, não determinou a mudança de certa realidade já instituída, ou seja, a ida de muitos rapazes púberes cuja família nuclear lhes preparava a viagem para que eles pudessem partir antes do recenseamento militar. O nosso estudo tem como objeto a atual cidade de Vila Nova de Famalicão que foi até aos anos sessenta do século passado, uma vila. Inserida na região do Baixo Minho é protótipo de uma localidade em que a emigração para o Brasil foi soberana e onde deixou marcas. Conquanto nesta localidade fosse até ao início da Primeira Grande Guerra proporcionalmente muito significativa a partida de rapazes em idade anterior à exigida para o serviço militar, casos houve em que a família teve de arranjar estratégias para o jovem sair do país iludindo a lei, pois a idade já não permitia que fosse sem um ónus significativo, isto é, com passaporte falso ou outra via clandestina. Ao analisarmos os livros de recenseamento militar damo‑nos conta do volume do êxodo desta massa populacional, confirmado quando compulsamos outras fontes civis ou eclesiásticas e as cruzamos, por exemplo, registos dos atos vitais, róis de confessados e correspondência privada. A sociedade civil sofreu com o esforço de guerra, tal como no resto do País e as mulheres constituíram um movimento para ajudar as famílias dos militares que foram para o teatro de operações.


ISBN:
978-989-26-1631-5
eISBN: 978-989-26-1632-2
DOI: 10.14195/978-989-26-1632-2_3
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 63-84
Data: 2019

Palavras-Chaves

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