Um modelo para a Bibliotheca do Povo e das Escolas: a Biblioteca del Popolo
A model for the Biblbliotheca do Povo e das Escolas: the Biblblioteca del Popolo
Vitor Bonifácio
Entre 1881 e 1913 publicaram‑se 237 números da Bibliotheca do Povo e das Escolas (BPE). Fruto de uma eficaz estratégia comercial, esta aposta do editor David Corazzi (1845‑1896) obteve um enorme sucesso no espaço geográfico de língua portuguesa. Os dezasseis números iniciais tiveram primeiras edições com tiragens iguais ou superiores a 10 000 exemplares, um facto extraordinário no panorama editorial português da época. Concetualmente, a publicação da BPE enquadra‑se nas dinâmicas editoriais europeias da segunda metade do século XIX. O desenvolvimento de novas tecnologias de impressão permitiu uma descida do preço das publicações, nomeadamente das periódicas: jornais, revistas e fascículos. A perceção generalizada da necessidade de providenciar instrução às classes populares implicou um incremento da alfabetização e dos sistemas públicos de ensino, em particular, do primário, e, consequentemente, do número de possíveis leitores. Quer o editor, quer Xavier da Cunha (1840‑1920), o primeiro diretor da coleção, referiram que se inspiraram em modelos estrangeiros sem, no entanto, os especificarem. Até agora estas afirmações têm sido interpretadas como significando a utilização de uma estratégia editorial globalmente semelhante à de outras publicações, isto é, volumes educativos de baixo custo organizados numa “biblioteca”. Neste artigo argumentamos que a Biblioteca del Popolo, publicada a partir de 1875, em Milão, pelo editor Edoardo Sonzogno (1836‑1920) constituiu, de facto, o modelo da BPE. Concluímos que as especificidades da publicação portuguesa refletem uma opção editorial que definiu como alvos privilegiados os mercados brasileiro e do livro escolar.
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ISBN: 978-989-26-1710-7
eISBN: 978-989-26-1711-4
DOI: 10.14195/978-989-26-1711-4_9
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 313-339
Data: 2019
Palavras-Chaves
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