/ Catálogo / Livro / Capítulo

A nova comunicação nas organizações públicas e o direito à informação em benefício da cidadania

The new communication in public organizations and the right to information for the benefit of citizenship

≈ 2 mins de leitura

Beatriz Dornelles
Fernando Biffignandi

Este artigo propõe a reflexão sobre a importância dos processos de comunicação, produzida pelas organizações públicas brasileiras e dirigido à sociedade, sobretudo, aos indivíduos que vivem à sua margem. Nosso propósito é contribuir com o debate, potencializando a qualificação da transmissão da informação a partir de uma visão crítica sobre a sua conceituação e aplicabilidade como um dever constitucional do ente governamental em benefício àquela parcela da população. Tal qual a realidade de outras nações em processo de desenvolvimento, parte do Brasil apresenta um cenário de pobreza e distanciamento sociocultural, imposto pela desigualdade econômica, acarretando a segregação de muitos indivíduos nas periferias urbanas em condições de vida precária. Tomando como base os baixos índices de aceitação quanto ao atendimento prestado pelas organizações públicas, expresso em pesquisas de satisfação, e reforçado pela carência de informações que permitam acesso aos serviços essenciais, detectamos a urgência em examinar a questão partindo de um viés científico, à luz dos referenciais teóricos sobre a comunicação. A metodologia fundamentou-se na revisão bibliográfica, abordando conceitos importantes no âmbito do direito à informação de forma a contextualizar o pensamento teórico às características práticas visando à eficiência de uma Comunicação Pública mais cidadã. Na parte inicial, buscamos compreender como se desenvolvem os procedimentos da Comunicação Pública e a luta pelos seus direitos emancipatórios, decorrentes das políticas de governo. Procuramos avaliar a sua aplicação perante os novos programas de qualidade total na transmissão da informação como um pressuposto fundamental da democracia. Na sequência, nossa abordagem permeou o cotidiano, representado pela vivência dos indivíduos marginalizados, social e culturalmente, evidenciando a importância da compreensão de sua linguagem e expressão particulares pelos agentes promotores da Comunicação Publica. Apontamos os diversos condicionantes presentes no complexo universo do cotidiano social como o locus do compartilhamento humano que abarca em seu mundo da vida as inúmeras práticas de cunho histórico, cultural e afetivo, comprometidas com a reprodução simbólica do ser na sociedade. Por fim, a contribuição da Teoria do Agir Comunicativo, proposta por Habermas, tornou possível articular o real sentido do esclarecimento com os novos caminhos para uma Comunicação Pública menos instrumentalizada e mais subjetiva, respeitando a capacidade e as competências de cada indivíduo. A extensa obra do filósofo alemão é de fundamental importância para qualquer trabalho que se proponha a debater o fortalecimento da democracia sob a ótica do direito à informação. Ao final, como resultado, apresentamos alguns encaminhamentos contributivos para a formação de uma nova Comunicação Pública, fundamentada pela excelência das práticas organizacionais que envolvem o Estado e o cidadão. O reconhecimento de que cada uma dessas ações remete à premência da participação dos governos na construção social e promoção de políticas adequadas em benefício da população brasileira. Enfocamos, na necessidade da capacitação funcional, a valorização e o reconhecimento do saber comum no desenvolvimento de ações públicas e na aplicação seus instrumentos legais. Que seja considerada a exatidão e precisão no repasse da informação técnica, mas sem abdicar do relacionamento humano potencializado pelo diálogo, como o genuíno instrumento integrador de uma sociedade.


ISBN:
978-989-26-1557-8
eISBN: 978-989-26-1558-5
DOI: 10.14195/978-989-26-1558-5_4
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 99-144
Data: 2018

Palavras-Chaves

Download


Outros Capítulos (11)

Narrativas organizacionais como possibilidade de (in)comunicação: memória e identidade no contexto da comuncicação organizacional

Renata Andreoni;Nicole D’Almeida

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_1

“Não é saudade. É identidade”: a história na génese da construção de identidade e legitimação das organizações

Rosa Maria Sobreira

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_2

Mapas, storytelling e narrativas geográficas: a cartografia como instrumento de poder e condicionamento das perceções do espaço

João Luís J Fernandes

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_3

A nova comunicação nas organizações públicas e o direito à informação em benefício da cidadania

Beatriz Dornelles;Fernando Biffignandi

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_4

O fenómeno e o processo de construção da memória organizacional na sociedade do conhecimento

Maria Beatriz Marques

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_5

O valor do conhecimento e da sua disseminação na construção da identidade das instituições de ensino superior

Maria Manuel Borges;António Tavares Lopes

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_6

Gerir identidades e culturas em organizações temporárias: o papel da comunicação

Teresa Ruão;Ana Lopes;Clarisse Pessôa

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_7

As “políticas de lembrança” dos museus corporativos na construção da memória organizacional: o caso Vista Alegre

João Figueira

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_8

Os planos estratégicos das instituições de ensino superior enquanto comunicadores de sentido e perpetuadores das memórias: o caso da Universidade do Minho (1974-2014)

Paula Campos Ribeiro

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_9

Memória, identidade e as empresas brasileiras: a difícil metamorfose

Paulo Nassar;Luiz Alberto de Farias

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_10

Memória e identidade organizacional: estratégias de legitimação sob a ótica das narrativas organizacionais

Larissa Conceição dos Santos

https://doi.org/10.14195/978-989-26-1558-5_11