Henrique Madeira
Persiste a ideia de que a fronteira ou interseção entre disciplinas encerra um enorme potencial para conduzir a grandes avanços na ciência e na tecnologia. Propomo-nos analisar em que medida esta expectativa se tem concretizado, procurando identificar as razões por que não temos exemplos mais salientes e mais abrangentes de investigação interdisciplinar. Os elementos que impulsionam a investigação científica e a inovação no contexto universitário são discutidos no quadro das alterações observadas no papel das universidades e nos novos patamares de equilíbrio entre as missões de ensinar e de criar conhecimento. Há sinais de uma ciência cada vez mais incremental, mas profusamente ornamentada e capturada por indicadores de notoriedade e por rankings, aos quais o fomento da investigação interdisciplinar não pode ser indiferente. Não havendo uma resposta única à questão de saber por que não temos mais investigação interdisciplinar, são discutidos diversos fatores que nos parecem incontornáveis: alcançar entendimento e respeito mútuo na colaboração e articulação entre disciplinas, dotar as unidades com vocação interdisciplinar de recursos humanos próprios, designadamente de elementos com formação transdisciplinar em núcleos de disciplinas bem definidos, que possam ter um papel catalisador de projetos interdisciplinares, e abrir novas frentes de interdisciplinaridade. Muito em particular, a exploração de oportunidades de inovação (i.e., investigação aplicada) no cruzamentos de áreas tecnológicas e de engenharias com outras disciplinas parece-nos particularmente importante para alargar a investigação interdisciplinar muito para além dos bem conhecidos (e bem sucedidos) cruzamentos disciplinares que envolvem ciências sociais, humanidades e ciências da vida.
—
ISBN: 978-989-26-1238-6
eISBN: 978-989-26-1239-3
DOI: 10.14195/978-989-26-1239-3_1
Área: Ciências Sociais
Páginas: 19-70
Data: 2016
Palavras-Chaves
—
Outros Capítulos (5)
Por que não temos mais investigação interdisciplinar?
Henrique Madeira
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1239-3_1
Uma visão das culturas do mundo através da ciência: o papel do conhecimento tácito
Tânia F.G.G. Cova;João A. S. Almeida;Alberto A. C. C. Pais;Sebastião J. Formosinho
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1239-3_2
A história das ciências em Coimbra e o diálogo interdisciplinar: os professores Joaquim de Carvalho, Luís de Albuquerque e Rómulo de Carvalho
Carlos Fiolhais
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1239-3_3
Economia e interdisciplinaridade: porque é que a economia não pode ser deixada apenas aos economistas?
Vítor Neves
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1239-3_4
Velhas, novas e novíssimas narrativas do mundo urbano
Carlos Fortuna
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1239-3_5