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A regionalidade de algumas comidas brasileiras: um estudo das comidas sertanejas no século XX

The regionality of some brazilian food: a case study of Piauí food in the 20th century

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Samara Mendes Araújo Silva

A grande extensão territorial nacional engendrou uma diversidade de práticas culturais, inclusive de âmbito alimentar, propiciando que algumas delas ficassem restritas a certos ambientes sociogeográficos, o que as tornou desconhecidas e estranhas aos demais, tanto ao próprio Estado quanto aos demais entes da federação nacional. Em termos alimentares, certas práticas, por vezes tornam-se populares a ponto de identificar determinada área do país por sua comida, implicando generalizações que nem sempre são coerentes com o cotidiano alimentar da população residente em toda uma extensão sociogeográfica. Desse modo, o que propomos discutir neste trabalho é que, mesmo possuindo comidas que, por vezes, estão presentes em todo o território, há certos pratos cujo consumo, em decorrência da historicidade, da significância e simbolismo cultural, permanece circunscrito a determinado espaço social. Para tanto, tomamos como lugar de análise o sertão brasileiro, mais precisamente o Estado do Piauí, onde a população utiliza comumente as expressões “comidas do norte” e “comidas do sul” para diferenciar as origens das tradições alimentares daquele espaço. Utilizamos como fontes documentos hemerográficos e orais, estes fundamentados sob a ótica da História e Cultura da Alimentação. Desse modo percebemos, mesmo com o intenso processo migratório, ocorrido nas últimas três décadas do século XX, o qual propiciou a intensa difusão de diferentes práticas do sertão no meio urbano, ainda permanecem a clara diferenciação e regionalização das comidas, o que contribui em grande medida para fortalecer os aspectos identitários e diferenciadores entre as duas regiões do Piauí. Estendendo esta consideração para as demais regiões do país, podemos afirmar que as comidas são elementos portadores de identidade e da historicidade de um grupo social, e, em grande medida, responsáveis pela manutenção da vivacidade dos regionalismos que persistem em nossos territórios Brasil afora.


ISBN:
978-989-26-1085-6
eISBN: 978-989-26-1086-3
DOI: 10.14195/978-989-26-1086-3_11
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 265-283
Data: 2015

Palavras-Chaves

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