Pedro Pita BarrosMaria Ana MatiasAna Moura
Na recente crise económica, o desemprego jovem atingiu, em Portugal e na Europa, valores historicamente elevados. A taxa de desemprego entre os jovens atingiu os 34,8%, o dobro do observado na população em geral. Uma questão natural é qual o efeito sobre a saúde mental nestes jovens, e saber se constituem um grupo a necessitar de atenção particular. Utilizando o inquérito SMAILE, cobrindo cerca de 1500 indivíduos da área de Lisboa, foi calculada uma escala de saúde mental e vitalidade, recolhida da literatura científica. O confronto desta escala com as características pessoais e de situação perante o emprego permitiu concluir que houve um impacto negativo relevante da crise económica (avaliada pela preocupação com as despesas diárias) sobre a saúde mental, que existe um gradiente positivo associado com anos de escolaridade (melhor saúde mental para quem possui mais anos de escolaridade) e uma grande importância do gradiente de escolaridade nos desempregados jovens (idade igual ou menor a 35 anos). Este gradiente específico é negativo: a saúde mental associada com o desemprego jovem tem menor valor na escala usada quanto maior for o nível de escolaridade. Em termos quantitativos, este efeito é substancialmente mais elevado que qualquer um dos outros efeitos mencionados. A vulnerabilidade encontrada deverá motivar políticas conjuntas de promoção do emprego e da saúde mental neste grupo etário.
—
ISBN:
eISBN: 978-989-26-1105-1
DOI: 10.14195/978-989-26-1105-1_9
Área: Ciências Sociais
Páginas: 119-131
Data: 2015
Palavras-Chaves
—
Outros Capítulos (11)
Condicionantes da saúde mental e os instrumentos de avaliação de impactos
Adriana Loureiro;Joana Lima;Maria do Rosário Partidário;Paula Santana
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_1
Padrão geográfico e sazonal de internamentos por perturbações mentais
Ricardo Almendra;Adriana Loureiro;Paula Santana
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_2
Suicídio em contextos de privação social e material nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto
Cláudia Costa;Adriana Loureiro;Ângela Freitas;Paula Santana
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_3
Saúde mental e território: vulnerabilidades ambientais nos municípios da Amadora, Lisboa, Mafra e Oeiras
Adriana Loureiro;Marta Silva;Ricardo Almendra;Paula Santana
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_4
A saúde mental e a crise económica
Manuela Silva;Graça Cardoso;Benedetto Saraceno;José Caldas de Almeida
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_5
Utilização de serviços de saúde mental em Portugal em tempos de crise económica
Graça Cardoso;Adriana Loureiro;Pedro Mateus;Manuela Silva;Paula Santana;José Caldas de Almeida
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_6
A procura pelos cuidados de urgência de saúde mental em Portugal em tempos de crise
Sofia Vaz;Pedro Ramos;João Felgueiras
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_7
As características individuais e contextuais na saúde mental em tempos de crise
Adriana Loureiro;Ricardo Almendra;Carla Nunes;Paula Santana
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_8
Desemprego jovem e auto perceção de saúde mental
Pedro Pita Barros;Maria Ana Matias;Ana Moura
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_9
Condições sócio-ambientais e relação com a saúde mental auto percecionada nos municípios da Amadora, Lisboa, Mafra e Oeiras
Adriana Loureiro;Maria Lucília Cardoso;Ricardo Almendra;Paula Santana
O papel dos municípios na promoção da saúde na Amadora, Lisboa, Mafra e Oeiras
Adriana Loureiro;Ângela Freitas;Catarina Barros;Paula Santana
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1105-1_11