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Retórica da imagem?

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Tito Cardoso e Cunha

Neste texto procura-se reflectir sobre as condições de possibilidade de uma retórica da imagem. Tendo a retórica sido, historicamente, uma disciplina centrada sobre os efeitos persuasivos do discurso verbal e escrito, como poderá ela pensar a preeminência que a imagem tem adquirido no campo mediático comtemporâneo. A pergunta, pois, sobre a qual se procura aqui reflectir, formular-se-á assim: como será possível pensar uma retórica da imagem no início do século XXI? É frequente ouvir-se, hoje em dia, a expressão “uma imagem vale mais do que mil palavras.” Pretende-se com isso, as mais das vezes, afirmar e justificar a predominância da imagem num mundo cujo espaço público é sobretudo ocupado pelos meios de comunicação electrónica centrados na imagem, isto é a televisão. O “valer mais” da imagem poderia querer significar que esta carrega consigo mais informação. Mas não é tanto isso que a expressão quer significar. Antes ela pretende demonstrar que a imagem é mais persuasiva do que a palavra. O título desta comunicação levanta desde logo um problema. Ele enuncia um paradoxo de raiz histórica. Nas suas origens helénicas, a aproximação de dois termos como “retórica” e “imagem” releva do impensável. Historicamente, e desde as suas origens helénicas mais remotas, a retórica é entendida como uma teoria e uma prática essencialmente relacionada com o discurso e a linguagem, excluindo portanto a imagem. Basta lembrar Platão, no Górgias, para nos darmos conta do paradoxo contido nessa aproximação. No celebrado diálogo sobre a retórica, que tem precisamente por objectivo definir “o que é a retórica?”, é à imagem que Platão atribui a identificação mesma do contrário da retórica


ISBN:

eISBN: 978-989-26-0498-5
DOI: 10.14195/978-989-26-0498-5_13
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 223-230
Data: 2009

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