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Se toda a argumentação é retórica, então toda a retórica deve ser oratória: Chaïm Perelman versus Olivier Reboul

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Joaquim Neves Vicente

Partindo da legitimidade da distinção entre demonstração e argumentação (Perelman), assumindo também o vínculo inextricável entre argumentação retórica e persuasão, a nossa intervenção parte da seguinte questão: o que é que faz de um discurso um discurso retórico e, enquanto retórico, um discurso persuasivo? A tese que pretendemos defender, seguindo de perto a posição de Olivier Reboul, é a de que é retórico num discurso o que o torna persuasivo pela união do fundo e da forma: a) entendendo por fundo o conteúdo informativo e a estrutura lógica da argumentação (lógos); b) entendendo por forma o que diz respeito à afectividade (o éthos e o páthos), à construção (dispositio) e ao estilo (elocutio), dando a este último ênfase particular. Dito de outro modo, o discurso retórico, porque se quer persuasivo, tem de assentar sempre em dois pila o pilar argumentativo e o pilar oratório. − É por causa do pilar oratório que a retórica se torna mais suspeita, mas é também por ele que a retórica se torna, para o bem e para o mal, mais eficaz, tornando difícil a paráfrase da mensagem e a réplica. Para contrabalançar os desequilíbrios de um discurso persuasivo, a situação retórica clássica sempre postulou o direito ao contraditório, a outro(s) discurso(s) e instituiu dois princípios ou critérios: o princípio da transparência (sabe-se que o orador ou advogado está a defender a sua tese ou causa e tem a obrigação de lhes dar todas as oportunidades); e o princípio da reciprocidade (sabe-se que outro orador ou advogado irá fazer o contraditório)


ISBN:

eISBN: 978-989-26-0498-5
DOI: 10.14195/978-989-26-0498-5_16
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 263-279
Data: 2009

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