J F Reis de Oliveira
Nomeado director do Hospital de Rilhafolles em Julho de 1892, pelo Conselheiro Dias Ferreira, então presidente do Conselho de Ministros, Miguel Bombarda encontrou um hospital que tinha atingido elevado grau de degradação. Impunha-se assim a reorganização sanitária, nosocomial, disciplinar, policial e administrativa. Bombarda transferiu para Rilhafolles os seus ideais, influenciado pelo que no domínio de Psiquiatria se fazia na Europa, empenhando todo o seu esforço, capacidade intelectual e organizativa para, como escreveu no seu primeiro relatório de 1892/1893, levantar Rilhafolles a uma altura não sonhada anteriormente. O seu plano de acção foi brilhantemente detalhado nos primeiros relatórios de 1892/1893 e 1893/1894. Empreendeu a construção de novos pavilhões, melhorou a higiene, as dietas, a terapêutica ocupacional. Preparou livros e cadernos clínicos. Pugnou pela disciplina dos métodos coercivos em uso. Dinamizou todos os Serviços Administrativos, à época totalmente desprezados. Determinou a escrituração de livros das receitas e despesas com vista à elaboração de propostas de orçamento. Todos os relatórios, sobre o Serviço do Hospital, que entre 1892 e 1909 publicou, demonstram determinação, firmeza e o rigor do gestor que maneja com à vontade os indicadores estatísticos mas que não perdia de vista a dimensão humana. Nestes relatórios apreendemos todas as grandes intervenções realizadas em Rilhafolles a par de algumas frustrações. E compreendemos que para Miguel Bombarda os níveis da assistência, do ensino e da investigação se entrozavam num todo da organização geral de um hospital. Miguel Bombarda foi gestor, sem dúvida. Brilhante, também. E com obra feita!
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ISBN:
eISBN: 978-989-26-0362-9
DOI: 10.14195/978-989-26-0362-9_15
Área: Artes e Humanidades
Páginas: 147-153
Data: 2006
Palavras-Chaves
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