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O canto da paixão nos séculos XVI e XVII: a singularidade portuguesa

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José Maria Pedrosa Cardoso

Os passionários polifónicos de Coimbra e Guimarães, produção geminada do Mosteiro de Santa Cruz no início do seu apogeu musical, felizmente identificados no momento certo, abriram um horizonte novo no que respeita a prática da música sacra em Portugal, excecionalmente abundante e qualificada no longo período de crise sócio-política que atravessou as últimas décadas do século XVI e todo o século XVII. O estudo aprofundado dos mesmos, complementado por numerosos espécimes congéneres reconhecidos nos principais arquivos de música portugueses, deu a conhecer uma forma própria de se cantar a Paixão litúrgica em Portugal. Definido o modelo de cantochão tradicional português, na sua linha melódica como na sua dimensão rítmica, verificou-se que o mesmo é veio condutor (cantus firmus) de elaborações polifónicas de grande qualidade saídas da inspiração de alguns dos compositores mais significativos da época, como António Carreira, D. Pedro de Cristo, João Lourenço Rebelo e Francisco Martins. Neste sentido, e até à introdução em Portugal do chamado «italianismo musical» por parte de D. João V, cantava-se com originalidade nas igrejas portuguesas, face ao restante mundo cristão, nos dias solenes da Semana Santa. Sem a pretensão de esgotar o tema, sobretudo na sua dimensão de prática musical barroca, procedeu-se a uma fundamentação histórico-litúrgica do canto da Paixão e a uma documentação profunda da sua ritualização em Portugal. Ficou devidamente sumariado quase tudo o que se refere à prática monódica e polifónica desta espécie litúrgica, tanto impressa como manuscrita, de que é justo salientar a ênfase dada pelos compositores da época, certamente inspirados por uma espiritualidade muito própria, a certos versos da Paixão, designadamente alguns Ditos de Cristo. Este livro, chamando a atenção do mundo para uma dimensão desconhecida da cultura portuguesa, permite conhecer a verdadeira singularidade de um reportório que, para além do seu notável valor específico, indicia o alto apreço que a Liturgia da Paixão desempenhou na sociedade portuguesa da época em referência.

1.ª Edição
ISBN:
972-8704-70-4
eISBN: 978-989-26-0370-4
DOI: 10.14195/978-989-26-0370-4
Série: Investigação
Páginas: 565
Data: Dezembro, 2006

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