Autores
Lourenço Chaves de Almeida (1876-1952) foi um dos mais célebres artistas do ferro forjado, tendo deixado excelentes obras em Coimbra, «cidade das grades», e por várias outras localidades. Natural de Lamego e descendente de artífices, viria entretanto a radicar-se em Coimbra, no cumprimento do serviço militar. Tendo sido militar de carreira (sargento artífice) e louvado pelo brio com que exerceu as suas funções, foi mobilizado para integrar o Corpo Expedicionário Português, em 1917-1918. Mesmo em campanha, em França, nunca se desligou da arte do ferro, pelo que produziu ali – utilizando metal das munições – peças que, pela sensibilidade artística do seu autor, surpreendiam superiores e colegas. Foi estimado e contactou com parte da elite intelectual e política do seu tempo, desde, por exemplo, António Augusto Gonçalves, Quim Martins, Afonso Lopes Vieira e Veva de Lima, a Belisário Pimenta, Bissaia Barreto e Marechal Gomes da Costa. De entre as suas numerosas obras destacam-se o Lampadário/Chama da Pátria (Mosteiro da Batalha), o Lectus Pompeiano (Veva de Lima), o Relicário (Afonso Lopes Vieira) e o lustre da Câmara Municipal de Coimbra. Nas exposições dos seus trabalhos (Coimbra, Lisboa e outras cidades), obteve sempre grande sucesso, como provam os elogios então publicados na imprensa. É ainda de relevar o seu gosto pela investigação e pela escrita. Com efeito, além de outros estudos publicados (sobre João de Ruão e a biografia do Santo Heitorzinho do Loureiro), foi o que dedicou aos Túmulos de Alcobaça, de D. Pedro e D. Inês, que mais repercussão teve. Ali defendeu uma tese não só original como ao invés do que então preconizavam os especialistas consagrados. Após porfiado estudo, chegou à conclusão que, diferentemente do que era admitido, aquela notável obra escultórica não se devia a estrangeiros, mas sim a artistas da escola de Coimbra. Possuía também um profundo gosto pela história e pelos testemunhos. Coligiu e preservou recortes de jornais e fotografias dos seus trabalhos e, sobretudo, elaborou as Memórias de um Ferreiro, graças a um minucioso e rigoroso trabalho. Assim, não se tratou de um simples ferreiro ou mesmo de um vulgar artista do ferro forjado, mas de um homem de elite, com uma apreciável cultura e apurada sensibilidade, na compreensão da sociedade e do mundo.
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Lourenço Chaves de Almeida (1876-1952) was one of the most famous artists in wrought iron, having left some of his excellent work is in Coimbra, “the city of bars”, and various other locations. A native of Lamego and descendent of artisans, he came to put down roots in Coimbra as a result of military service. He was a professional soldier (Sargent handicraftsman) praised for his honourable conduct and was conscripted to be part of the Portuguese Expeditionary Force (1917-1919). While on the French Campaign he never forgot the art of iron, and there he produced – using munitions metal – pieces that surprised his colleagues as well as his superiors with their artistic sensibility. He was admired by and was in contact with most of the political and intellectual elite of the time – people like António Augusto Gonçalves, Quim Martins, Afonso Lopes Vieira and Veva de Lima, Belisário Pimenta, Bissaya Barreto, and Marechal Gomes da Costa. Among his numerous works the following bear special note: Candlestick/ Patriotic Flame (Monastery of Batalha), Pompeian Lectus (Veva de Lima), Reliquary (Afonso Lopes Vieira), and the Coimbra City Hall chandelier. When his work was shown in expositions (Coimbra, Lisbon, and other cities) it was always with great success, as the praise of the press in his day evidences. His love for research and writing also stand out. Indeed, beyond his published writings on João de Ruão and the biography of Saint Heirtorzinho de Loureiro, it was his work on the tombs of Kingo Pedro and Queen Inês in Alcobaça that had the greatest impact, having not only defended an original thesis but in fact gone against that of established experts. After profound study he concluded that, in contrast to what was believed, that notable work of sculpture was not produced by foreign artists but by artists from the Coimbra School. Lourenço Chaves de Almeida also held a great love for history and testimonials. He collected and kept newspaper clippings and pictures of his work and, after meticulous and rigorous work, wrote the Memórias de um Ferreiro [“Memoires of a Blacksmith”]. Thus, he was not a simple blacksmith or even an ordinary artist, but a man of the elites, with a considerable amount of culture and sharp sensibility in his understanding of society and the world.
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1 livros com autoria de Lourenço Chaves de Almeida
1.ª Edição
Memórias de um ferreiro
Lourenço Chaves de Almeida
Afonso Chaves de Almeida
ISBN: 978-989-8074-18-8
DOI: 10.14195/978-989-26-0358-2