Joaquim Pinheiro
O tratado De esu carnium (Sobre comer carne) chegou-nos na forma de dois logoi, com múltiplas lacunas, sobretudo o segundo logos. Recuperando temáticas já desenvolvidas pela doutrina pitagórica, por Xenócrates, por Teofrasto ou pelos Estóicos, Plutarco argumenta sobre a natureza dos seres vivos, no âmbito da relação entre homem e animal. À semelhança de outros tratados do corpus plutarcheum, como Bruta animalia ratione uti (Os animais são racionais), mais conhecido por Gryllus (Grilo), ou o De sollertia animalium (Sobre a inteligência dos animais), a narrativa desenvolve-se em torno de questões relacionadas com a natureza e a psicologia dos animais, como a possibilidade de existir virtude e razão entre os animais, defendendo Plutarco a philanthropia e a generosidade com que se deve tratar todos os seres vivos, opondo-se, dessa forma, ao simples utilitarismo ou ao problemático princípio da necessidade. Sendo um dos tratados zoológicos, o De esu carnium é também um texto de carácter retórico pelo facto de Plutarco construir, por oposição aos Estóicos, uma teoria argumentativa que sustenta a ideia de que comer carne é παρὰ φύσιν (‘contra a natureza’).
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1.ª Edição
ISBN: 978-989-26-1690-2
eISBN: 978-989-26-1691-9
DOI: 10.14195/978-989-26-1691-9
Série: Classica Digitalia: Diaita: Scripta & Realia - Estudos Monográficos
Páginas: 54
Data: Setembro, 2019
Palavras-Chaves
Plutarco, diaita, De esu carnium, retórica, condição humana, animal, physis, história da alimentação
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