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Profetismo e espiritualidade de Camões a Pascoaes

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Maria Luísa de Castro Soares

No início do nosso estudo, tentámos inscrever o profetismo e o messianismo na diacronia da literatura portuguesa e verificámos que a permanência dos fenómenos parece assegurar a sua importância na intelligentsia e na mitogenia nacionais. Mas a espiritualidade portuguesa é igualmente a criação, os conteúdos da escrita poética de Camões e de Pascoaes. Foi o que realçámos, em análise individual, nos Capítulos I e II do nosso trabalho. No Capítulo III, subsidiário dos anteriores, encarámos os autores de forma comparativa e concluímos ser Pascoaes devedor de Camões “eterno Pai” da consciência nacional. Na verdade, Camões é um pilar incontornável que se projeta objetivamente, em relação paragramática intertextual ou por diversos modos de assimilação, na criação literária de Pascoaes. Por alusões próximas, por reflexos concretos e discretos, por uma linha de continuidade ideológica: o paragramatismo lusíada. Ao partir desta particular projeção para uma ideia geral, concluímos ser Camões, juntamente com Pascoaes, profetas do espírito de nacionalidade, de uma mística portuguesa, em permanente demanda da cidade ideal, que nos últimos limites se confunde com Deus. Os dois poetas são profetas não tanto por predizerem o que há-de vir e ser, com base numa inspiração divina, mas porque revelam o eterno, aquilo que ultrapassa os condicionamentos do espaço e do tempo. São profetas pela expressão da espiritualidade portuguesa - que contém um ideal de humanidade – e pelo messianismo fundamental ou sentido permanente de redenção.

1.ª Edição
ISBN:
978-972-8704-72-8
eISBN: 978-989-26-0478-7
DOI: 10.14195/978-989-26-0478-7
Série: Investigação
Páginas: 558
Data: Fevereiro, 2007

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