Colónia mártir, colónia modelo: Cabo Verde no pensamento ultramarino português: 1925-1965
Sérgio Neto
Sem as riquezas “inesgotáveis” de Angola e Moçambique ou a vigorosa produção agrícola das ilhas de S. Tomé e Príncipe, o arquipélago de Cabo Verde ocupou, em todo o caso, um lugar à parte na ideologia ultramarina portuguesa a partir dos anos 30 do século passado. Dir-se-ia que a sua importância não passou tanto pelo valor comercial, mas pela “imagem” de colónia africana mais “civilizada” e até de colónia mais aparentada com a metrópole. Embora já desde o século XIX, o cabo-verdiano gozasse, pelo menos teoricamente, da plena cidadania portuguesa e fosse reconhecido como “assimilado” aos “padrões civilizacionais europeus”, seria preciso esperar pelo desenvolvimento da propaganda estadonovista para que tal facto passasse a ser amplamente publicitado. Assim, aos olhos do regime de Salazar, Cabo Verde foi, sobretudo, um paradigma multirracial e multicultural abrandir contra a crescente vaga anticolonialista e descolonizadora dos anos 50e 60 do século XX.
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1.ª Edição
ISBN: 978-989-8074-85-0
eISBN: 978-989-26-0417-6
DOI: 10.14195/978-989-26-0417-6
Série: História Contemporânea
Páginas: 223
Data: Julho, 2009
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