Eugénia Cunha
Esta pergunta recorrente que se coloca desde sempre permanece um dos maiores desafios da ciência e leva-nos a uma fascinante viagem ao nosso interior e no tempo. O entendimento de onde viemos elucida também sobre para onde vamos. Há que recuar até há cerca de 7 milhões de anos para encontrar os mais prováveis candidatos a primeiros hominídeos. Desde eles até ao presente, passamos por uma cadeia impressionante de antepassados, que vamos colocando na nossa árvore evolutiva, densamente ramificada, mas da qual só conhecemos uma parte dos inquilinos. As peças do puzzle, que nos contam uma história, vão surgindo com as novas descobertas e com a reavaliação de outras. Mas não são só os fósseis que permitem reconstruir a nossa história natural. O acesso ao genoma levou-nos para uma nova era em que se procura identificar os genes e as alterações genéticas que nos tornaram únicos, não esquecendo porém que somos muito mais do que genes. A nossa singularidade remete-nos para o órgão mais complexo do universo, o nosso cérebro. A velha máxima “somos aquilo que comemos” continua válida e o aumento do nosso cérebro, um autêntico devorador energético, parece ter sido contrabalançado por uma concomitante redução do aparelho gastrointestinal. A incorporação de mais carne na dieta terá facilitado o crescimento cerebral. O bipedismo e a nossa linguagem têm também sido cruciais para termos chegado onde hoje estamos. A chave está no cruzamento de todos estes traços distintivos, dos genes a eles subjacentes e na sua correta contextualização ecológica. Sabendo que a evolução não é gratuita e que só quando os benefícios de uma dada mudança evolutiva superam os custos é que o processo avança, é um desafio destrinçar as cada vez mais peças chave deste intrincado ser que somos.
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1.ª Edição
ISBN: 978-989-26-0079-6
eISBN: 978-989-26-0181-6
DOI: 10.14195/978-989-26-0181-6
Série: Estado da Arte
Páginas:
Data: dezembro, 2010
Palavras-Chaves
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