Jorge Pais de Sousa
A investigação incide sobre um período particularmentefecundo da historiografia portuguesa acerca do regime que dominou quaseinteiramente a sua história do século XX. Num quadro de atenta reconstrução da vida políticanacional, em cujo âmbito se tem vindo progressivamente a consolidar a afirmaçãode Salazar e do seu regime político, é de maneira convincente que o autorestabelece uma relação entre a afirmação do fascismo, em Portugal, e asruturas epocais produzidas pela Grande Guerra, apesar da escolha deneutralidade feita pelas suas elites políticas. Não é, de facto, por acaso, quea elaboração teórica do futuro ditador, que o levou a assumir um papelsignificativo na cena política, decorreu dos seus estudos sobre a economia deguerra (...)
Para delinear as características específicas desta variantelusitana do fascismo continental, Jorge Pais de Sousa retoma e valoriza adefinição de “fascismo de cátedra”, proposta nos anos trinta pelo poeta efilósofo espanhol Miguel de Unamuno para definir o Estado Novo, natentativa de superar o dualismo interpretativo entre aqueles historiadores(Torgal, Rosas, Collotti, Loff) que colocaram a tónica sobre as característicasplenamente fascistas do regime português, e outros investigadores que, na sendadas taxionomias elaboradas pela politologia americana sobre o totalitarismo(Costa Pinto, Payne, Nolte, Gentile), o situaram no campo do tradicionalautoritarismo. A obra não se exime, pois, à questão metodológica central doatual debate historiográfico, tendo o mérito de enfrentar uma contraposiçãoque dividiu a historiografia portuguesa, no intento de fornecer uma abordagemoriginal capaz de a superar, para libertar a pesquisa histórica da vinculação aum debate que se arriscava arrastá-la para uma linha morta.Alberto De Bernardi Universidade de Bolonha—
1.ª Edição
ISBN: 972-989-26-0020-8
eISBN:
Série: Investigação
Páginas: 562
Data: Dezembro, 2011
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