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Três peças mitocríticas III: o eunuco de Inês de Castro. Teatro no país dos mortos
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Armando Nascimento Rosa
Será chocante colocar umaterceira personagem, masculina, a interpor-se entre Pedro e Inês? Mas é opróprio Fernão Lopes que nos fala do escudeiro Afonso Madeira, barbaramentepunido por Pedro I, que o mandaria castrar por ciúmes, já que, escreve o cronista num parêntesis sintomático, «orei muito amasse o escudeiro (mais do que se deve aqui dizer)». E com istodizia o prosador da corte aquilo que supostamente lhe fora recomendado ocultar.
O Eunuco de Inês de Castro opera assim uma mudança dramática, porventurainesperada, face à abordagem tradicional dos amores de Pedro e Inês. Desvendarna cena o hermafroditismo comportamental de Pedro, ainda que patologicamentevivido (dado o atroz gesto punitivo deste contra Afonso Madeira), constituiráum forte motivo teatral para olhar com novos olhos um enredo que muitosjulgariam sabido e explorado por inteiro, e que ganha uma outra amplificação desentidos nesta fantasmagoria cénica cujaação decorre, contemporaneamente, no país dos mortos.—
1.ª Edição
ISBN: 972-989-26-0125-0
eISBN: 978-989-26-0243-1
DOI: 10.14195/978-989-26-0243-1
Série: Dramaturgia
Páginas: 155
Data: Dezembro, 2011
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