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A dúvida

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Vilém Flusser

O ponto de partida da dúvida é sempre uma fé. Uma fé (uma «certeza») é o estado de espírito anterior à dúvida. Com efeito, a fé é o estado primordial do espírito. O espírito «ingênuo» e «inocente» crê. Ele tem «boa fé». A dúvida acaba com a ingenuidade e inocência do espírito e, embora possa produzir uma fé nova e melhor, esta não mais será «boa». [...] A dúvida pode ser, portanto, concebida como uma procura de certeza que começa por destruir a certeza autêntica para produzir certeza autêntica para produzir certeza inautêntica. A dúvida é absurda. Surge, portanto, a pergunta: «por que duvido?» Esta pergunta é mais fundamental que a outra: «de que duvido?» Trata-se, com efeito, do último passo do método cartesiano, a saber: trata-se de duvidar da dúvida em si. A pergunta «por que duvido?» implica a outra: «duvido mesmo?»</p>V.F.<br />

1.ª Edição
ISBN:
978-989-26-0251-6 (IUC) / 978-85-391-0211-2 (Annablume)
eISBN: 978-989-26-1131-0
DOI: 10.14195/978-989-26-1131-0
Série: IUC/Annablume
Páginas: 120
Data: Junho, 2012

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