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Antonio Vicente Pietroforte
Concentradas neste título «O Discurso da Poesia Concreta», três figuras de linguagem, a saber: ambiguidade, oximoro e ironia, prenunciam os múltiplos sentidos das questões suscitadas por este livro assim intitulado.
Neste título, é ambíguo se a locução adjetiva «da Poesia Concreta» é genitivus subjetivus ou genitivus objetivus: «Poesia Concreta» é o sujeito que faz o «Discurso», ou é o objeto a respeito de que o «Discurso» discorre? Na primeira hipótese, de «Poesia Concreta» ser o sujeito que faz o «Discurso», temos um oximoro, isto é, uma unidade feita de dois termos contrários e excludentes, pois a Poesia Concreta é programaticamente antidiscursiva, icônica, visual, simultânea, e imputar-lhe um «Discurso» é contrariar o que o seu programa se propõe.Na segunda hipótese, de «Poesia Concreta» ser o objeto explicado por este «Discurso», instala-se uma terrível ironia, pois o «Discurso» que se faz a respeito da Poesia Concreta neste livro é o discurso essencialmente e rigorosamente abstrato, teorético e conceitual.A ironia reside em que o discurso deste livro, originalmente uma tese de Livre Docência, é de leitura surpreendentemente fluente e claro, imediatamente compreensível e convincente na apresentação que faz do sentido do poema concreto. Mas o poema concreto já não mais tem esse sentido imediatamente claro e convincente em sua linguagem naturalmente icônica e simultânea, mas, sim, na linguagem teórica e conceitual do discurso científico.—
1.ª Edição
ISBN: 978-989-26-0258-5 (IUC) / 978-85-391-0218-1 (Annablume)
eISBN:
Série: IUC/Annablume
Páginas: 215
Data: Outubro, 2012
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