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Deus e Caravaggio: a negação do claro-escuro e a invenção dos corpos compactos

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Carlos Vidal

Tenta-se neste estudo desmitificar a vida e obra de Caravaggio, para que, desse modo, seja mais efectiva a leitura das suas obras e invenções pictóricas: portanto, o mito dá aqui lugar a uma leitura rasante à pintura. Defende-se que a visão do mundo do autor é influenciada pela espiritualidade da época: por S. Filipe Néri, nomeadamente (por sua vez influenciado por Francisco de Assis). Por outro lado, como alguns biógrafos atentos à documentação disponível já o indicaram, a vida violenta do pintor foi antes uma vivência no seio do clima violento da Roma de então. A sua ausência de produção desenhística não se pode relacionar com qualquer tipo de ausência de reflexão formal ou composicional. Antes enfatiza as particularidades da sua pintura. O que é reforçado pelas suas invenções luministas. Estas invenções não simbolizam, nem apenas modelam. A luz de Caravaggio não é “instrumental”. Ela é pictórica. E apenas na pintura encontra as palavras que a explicam. E será através desta concepção moderna do seu ofício que o pintor vai procurar relacionar-se com as figuras da sua devoção.

1.ª Edição
ISBN:
978-989-26-0747-4
eISBN: 978-989-26-0748-1
DOI: 10.14195/978-989-26-0748-1
Série: Olhares
Páginas: 134
Data: Agosto, 2014

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